segunda-feira, agosto 29, 2005

Poema Daileon
Faça do seu jeito: a moda dos fanfics

“Sailor Moon pegou o báculo de Sakura e olhou para a carta. Não estava preparada, mas sabia que tinha que completar a missão... Junto das outras guerreiras, ela olhou para Kerberos e pediu sua benção, levantou a carta vento e gritou o bordão que liberta as cartas. Era a magia das guerreiras da lua fundida com a das cartas Clow. Sailor Moon sabia que não seria mais a mesma”.
Um fã de anime e mangá que conhece muito das séries japonesas com certeza leria esse trecho e acharia que o autor enlouqueceu completamente. Dois personagens de séries distintas unidos e utilizando os mesmos poderes, no caso a homônima Sailor Moon, do anime de mesmo nome e a valente Sakura, de Card Captor Sakura. Esse trecho, porém, foi tirado de uma “fanfic” encontrada na Internet e esse termo é usado para designar textos feitos por fãs.
A premissa é a seguinte: você pega os personagens de um seriado, coloca eles na situação que bem entender ou mesmo inventa histórias paralelas utilizando-se deles. Não há limites para a criatividade nesse tipo de texto. Você pode combinar personagens dos quadrinhos com os de desenhos animados, criar romances inimagináveis ou causar situações cômicas, basta gostar de escrever e colocar a mão na massa.
A arte de criar textos com personalidades e séries famosas, no entanto, só se popularizou recentemente e parte disso aconteceu graças à invasão dos animes no país. Muitos fãs que assistiam a essas séries na televisão se identificaram com o universo em que elas se passam e passaram a criar roteiros envolvendo esse mundo, às vezes criando novos personagens e simplesmente utilizando novas situações. Assim, sites na Internet foram criados para hospedar essas histórias e muitas pessoas passaram a aderi-las, lendo-as e criando seus próprios “roteiros”.
Para os professores e psicólogos, criar fanfics é saudável por dois motivos: além de treinar a escrita (muitos autores de livros começaram escrevendo pequenas histórias), ele influi na imaginação, coisa que a televisão e o cinema tem feito diminuir nas crianças e adolescentes. “Apesar de serem baseados em personagens, desenhos, séries e filmes da televisão, essas histórias tendem a treinar a mente e isso é ótimo na sociedade de hoje” disse Fernanda Fonseca, professora primária de uma escola em Ribeirão Preto.
Hoje, comunidades e pequenos portais hospedam os mais diferentes gêneros de fanfics e cada vez mais elas costumam inovar. “O legal delas é que você pode ousar porque não há limites. Tem certas coisas que um roteirista ou um diretor das séries profissionais nunca fariam para não denegrir a imagem de suas criações. No fanfic isso não existe, podemos inventar qualquer coisa porque essas situações não têm ligação nenhuma com as histórias originais” disse Daniela Hernandes Ziglio, leitora assídua do maior portal de histórias fictícias da Internet, o Fanfiction.net.

Os gêneros

Apesar da inúmera quantidade de fanfics espalhadas pelos mais diversos sites, inclusive no Orkut, o tema mais recorrente é ainda o romance. “Os fãs gostam disso, eles costumam criar pares amorosos de acordo com os personagens que gostam. É algo saudável”, declara Daniela empolgada.
Em segundo lugar vêm as histórias seriadas (divididas em vários capítulos), em terceiro o drama, em quarto a fantasia e em quinto o Yaoi/Yuri (com relacionamentos homossexuais).

Os Primeiros passos

Criar um fanfic é mais fácil do que se imagina, até porque a maioria das pessoas que o fazem são amadoras e não dominam o português correto. Experiência é uma coisa que vem com o tempo e deve ser deixada em segundo plano, o mote mesmo é treinar a imaginação na hora de criar.
Então já sabe: escolha seus personagens, desenvolva um roteiro da maneira como quiser e comece a escrever. Para ler algumas histórias e se aprofundar no assunto, acesse os sites e comunidades abaixo:

Fanfiction.net – A maior página do gênero. Abriga as mais diversas fanfics, não só de animes e mangás como também de séries de TV, filmes, desenhos e histórias em quadrinhos. Possui material em português, é só clicar no gênero, na série de sua preferência e utilizar os parâmetros de pesquisa situados no canto direito superior do site.

Fanfic Brasil – Comunidade do Orkut com mais de 400 membros que reúne escritores de fanfiction.

terça-feira, agosto 23, 2005

Domingo fui no mini-evento gratuito do Carioca Anime no Penha Shopping:
1- Cheguei apenas às 13:30, 1h30min após o início do previsto, perdi Jaspion e Nurse Nanako, e estava começando Air. Durante o desenho, aproveitei e dei uma volta no shopping, nesse meio tempo vi uma garota jogando KOF 2002, perguntei se era do Fighters, mas ela nem sabe o que é um fórum de internet. Quando ele acabou aí sim fiquei direto na exibição até a hora do futebol. Maburaho não foi exibido por problemas de som, e Golden Boy passou quando eu jatava saturado(16:00; fiquei pouco mais de 2 horas direto assistindo animes.
2- A exibição foi num telão, ao contrário dos eventos anteriores quando foi numa TV. Outro ponto positivo é que o Animekê livre ficou num cantinho do Shopping, assim quem ficava na exibição não era perturbrado. :P
3- Comparando aos eventos anteriores, tinha alguns stands a mais e muito mais gente. Segundo o Culturanime foram mais de 300(o que é muito se levarmos em consideração que era de pequeno porte e num local público, onde com certeza nem todos os otakus devem se sentir confortáveis).
4- Vi Strawberry Eggs, Girls Bravo, Midori no Hibi, Yumeria e Mahoromatic.
5- Em relação à mulheres, estava fraco, na praça de alimentação, pelo pouco que vi estava um pouco melhor.
6- Entre 16:00 e 16:30, fiquei vendo à poucos metros da exibição o jogo Paraná X Vasco na Globo, numa televisão magnetizada, e por motivos óbvios não dava pra escutar nada dela. Quando levantei, me distraí e quase derrubei um ventilador com uma cotovelada.
7- Ás 16:30, acabou a exibição e passaram um video-combo de King of Fighters 2002. Eu o assisti, em seguida comprei o fanzine Mangá K número 3, e voltei para ver o jogo e fiquei até o fim, assim como no evento anterior, com a sensação "fantástica" de assisti-lo com músicas de animekê ao fundo(lembrando que o concurso foi realizado aonde estava o telão, não num cantinho ao contrário do livre. Até que cantaram pouco a abertura de Naruto(só uma vez), mas foi o suficiente pra me dar gargalhadas, somado ao fato de que durante ela a Globo passou um dos gols da goleada do Brasiliense contra a Ponte Preta.
8- O concurso de animekê terminou praticamente na mesma hora que a transmissão do futebol, e voltei pra ver o mini-concurso de cosplay, comprei o ingresso antecipado para o Carioca Anime Festival, e fui embora, já que o evento estava se encerrando no momento. Tomara que tenhamos outro desses ainda em outubro.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Sei que sou meio implicante com otakus, mas volta e meia tem acontecimento bizarro que me alimenta. Aqui vai mais um caso, sem dizer nomes obiviamente: na aula que tive hoje, a professora estava zoando um aluno que ela teve num período passado, que pela descrição, é otaku(e trekker) dos brabos(entre outras coisas que prefiro não citar aqui), que no laboratário de informática nunca fazia um exercício(tá, eu às vezes não faço quando é fácil ou difícil demais, mas nenhum sequer em nenhuma aula é sacanagem), e ao invés disso, disse em tom irônico que ele ficava visitando sites de Cavaleiros do Zodíaco(e também Bob Esponja e Jornada nas Estrelas, mas estamos falando de otakices aqui) e lendo mangás na sala de aula enquanto ela explicava a matéria(e como ele sempre sentava na cadeira da frente em ambos, geral sabia). Não culpo a professora pelos comentários, mas casos como esses mostram meu sentimento avesso à otakus, já são pessoas como esse cara que queimam quem curte anime e mangá de forma saudável. Se quando eu conversar com a professora ela perguntar o que gosto, já pensarei duas vezes se digo que gosto de mangá. Hmpf... perto dele me considero uma pessoa normal!

domingo, agosto 07, 2005

Daileon e a crítica à repressão sexual

Muita gente já se desidratou de tanto chorar de rir com a original e hilariante versão “dublada” da Cia. Do Salame para Daileon. Mas infelizmente poucos conseguiram notar a sutil mensagem que foi subscrita na versão aportuguesada da canção.
Com a repressão ditatorial de suas épocas, compositores como Chico Buarque criptografaram mensagens ao público em suas obras, acreditando na capacidade intelectual dos ouvintes e principalmente na dos censuradores. O maior exemplo é o “Cálice”, interpretado duplamente por “cale-se”, que obviamente não foi barrado pela política aterrorizada pela possibilidade de lidar com uma população inteligente. Ignorância é força, como bem sabem.
Anos se passaram e não há mais censura. Não explicitamente, claro. Liberdade de expressão existe junto à liberdade de opressão mediática, graças à capitalização artística por gravadoras, redes de telecomunicações, imprensa interesseira, etc. Por isso, para fugir dos olhos que não enxergam o potencial de cada expressão despretensiosa, alguns artistas utilizaram-se de meios pouco convencionais — as animações em flash — e utilizaram músicas já há muito conhecidas para gritarem de uma forma abafada, lançando seu pólen ao vento da web; com tal capacidade de proliferação/divulgação, é a melhor metáfora que posso encontrar para simbolizar a Internet e suas loucas invenções. Pois bem, mais uma vez alguns lapidadores poéticos conseguiram a façanha de enganar o sistema dominante e conseguiram seu espaço na mente de muitos.
Recentemente o Brasil foi tomado por uma onda de dublagens de antigos seriados japoneses, como Jiban, Changeman, Cyber Cops, etc. O precursor da febre foi o flash do Daileon, Gigante Guerreiro de Jaspion. Poucos, porém, enxergaram a verdadeira mensagem que a novidade transmitia pelos seus hilários cânticos. A partir de agora mostrarei o que cada verso traz subliminarmente, numa obra prima que com toda certeza terá seu valor reconhecido apenas na posteridade.
Em resumo, o flash do Daileon protesta contra a repressão sexual de nossa sociedade construída no temor ao pecado. Faz uma íntima relação entre o poder e a hipocrisia que muitos têm com relação ao sexo. Pode-se perceber revolta contra a imposição do conceito de “mantimento da imagem” e negação do prazer. E a seguir destrincho verso a verso a primordial obra da web-músico-literatura contemporânea.

Para quem não se lembra, a versão na íntegra era:

O cara tossiu
O cara tossiu
O canalha do alto, que útil

Courinho há que sei
Mão no manual, pisei
Dou brioco ET
Já cu no caco da menina
Cio vacina e vou
Enfim, cu no pau há

E o metão, qualquer um,
Vou e monto o meu
O tocou, pinto urinou
Capa e óia o cu

Daileon! Daileon!
Enjoa, você que sentou a tocar uma
Daileon!

O cara tossiu
O cara tossiu
O rei igual ao dinheiro de passar

Ranga-me no ato,sei
Cara só no álcool, sei
Que lindo que é ter
Seis minutin’s cada orgia
Senta e abre a bunda
C’os micos, cu azul

Ah então, viu que bom,
Bunda eu lhe kimbei
Assinou, de roubo ou
Mamo-lhe no cu

Dai-lhe-ô! Dai-lhe-ô!
Joe, ah você que sentou a tocar uma
Dai-lhe-ô!

Aposto que não é tão engraçado quanto a ler tudo isso junto à animação. (para relembrar do flash, clique aqui). Mas vamos lá, à análise.
Logo de início temos que ter um profundo conhecimento das teorias psicanalíticas que dizem que nosso inconsciente projeta doenças em partes do corpo relacionados a determinadas tarefas do cotidiano. Pela expressão corporal nossos desejos ocultos mostram ao consciente algo relacionado ao que precisa ser saciado. Isso significa que quando a garganta inflama, ou “o cara tosse”, é porque o cara precisa botar pra fora algo que está incomodando seu eu; ele precisa se comunicar, precisa desembuchar, desabafar, já que a voz é o principal meio de comunicação entre pessoas numa conversa. Por isso ele inicia assim sua revolta à sociedade: o cara tossiu por algum motivo. E qual motivo? O canalha do alto.
O canalha do alto é o ser que se posiciona acima dos cidadãos comuns. Pode ser o papa, o presidente da empresa, ou pode até ser uma zombaria a deus, se ele quiser dizer “não acredito mais no que os canalhas disseram!”. Ainda desabafa da inutilidade que as convenções vindas da ordem de cima — do chefe, ou mesmo da religião. Com que ironia ele diz que útil! Como é início da música, temos que lê-la até o fim para compreender de qual versão trata: sociedade, corporativismo ou religião? Pode ser uma, duas, todas, ou nenhuma delas. Mas a inter-relação de todas essas possibilidades comprovaria a genialidade da dublagem criada. Mas, continuemos.
“Courinho há que sei. Mão no manual, pisei.” Courinho representa aqui ou a fricção genital provocada pelo coito (“dar no couro”), às relações sadomasoquistas ou homossexuais (roupas de couro). Aí, ele diz que mão no manual pisou. Ou seja, ele segurou com firmeza um manual imaginário (regras ditadas, leis impostas) e pisou, repudiou. É uma atitude que representa a superação da prisão criada pela sociedade. Graças ao ato corajoso ele torna-se um estranho, e por isso ele associa-se a um não-humano, um ser do além, um ET. Dar brioco significa uma versão popular de “dar-me o direito do brio"; brio significa sentir-se honrado por si mesmo, corajoso, altivo, com amor próprio, etc. Podem procurar no dicionário. São todas qualidades de quem toma uma atitude contra as convenções adotadas. A variação “dou brioco” é uma junção “brio + com”, mas que na língua falada fica “co”; brioco. Com a sensação de ser um estranho (ET) ele tornou-se brioso. É claro que o autor não escreveria assim, "brioso por ser ET", para não dar na cara que ali havia mensagem subliminar. Então podemos dizer que ele diz “dou brioco ET” pelo fato de se orgulhar por pisar com firmeza no manual.
"Já cu no caco da menina"; significa “entretanto, nos já cansados tabus (cu) femininos”... ele inverte a ordem (recurso poético), mas deixa a mensagem: com os tabus que as mulheres ainda teimam em manter (sexo anal! o cara é bem explícito aqui), ele responde da seguinte maneira: Cio, vacina e vou. Ou seja, ele responde com acentuado desejo sexual (cio) para convencer a garota de que ela pode e deve se entregar aos prazeres carnais; o tabu é velho, e por isso tá um “caco”. Caco da menina. Afinal, diante de um macho insaciável, é bem capaz que a garota ceda ao final da noite. Ela se sentirá desejada e pensará que talvez ela deva quebrar o tabu e deixar o revolucionário penetrar por trás da vergonha. A mulher geralmente se sente feliz em ser desejada por alguém que ela gosta; é natural que ela seja mais generosa também. Por isso, essa condição momentânea de felicidade eterna vai sedar seu medo, ou seja, vai vaciná-la contra o vírus do pré-conceito, e vai. Cio, vacina, e vou. Para demonstrar a vitória da liberdade sexual perante o velho tabu, ele fecha o verso como num haikai: enfim (até que enfim), cu no pau há (houve o coito anal). E, vejam, não é “pau há no cu”, que afirmaria o vetor “homem-em-driação-à-mulher”, e sim “cu no pau há”, “mulher-ao-homem”. É, meus amigos, parece que o cara foi tão convincente que no final ele nem precisou pedir de novo: a menina que se ofereceu prontamente para satisfazer-lhe as fantasias. Cu no pau há.
Parece, portanto, que o “courinho” não era nenhuma das minhas suposições citadas; é o anel de couro mesmo, em seu diminuto tamanho. Ele pisou no manual das leis da repressão sexual porque ele sabia que, no fundo, no fundo. trocadilhamente falando, havia um courinho louco para romper com a sociedade. Motivos suficientes para o homem sentir-se altivo, brioso com a sensação de estranheza no ninho. Tudo se encaixa!
Ele cntinua referindo-se à liberdade sexual. Insinua uma orgia dizendo que monta em qualquer um. Quem é “metedor” (obviamente o autor precisou aproximar-se do linguajar cotidiano, que já diz “metão”, significando aqueles que com freqüência terminam a noite ao lado de uma mulher). E diz que ele está facinho: toque-o, e ele gozará com tanta intensidade que parecerá urinar. E o metão em qualquer um deve montar o dele. E como ele é um poeta que se preocupa com sua segurança, ele enaltece o uso da camisinha para praticar seus relações promíscuas: “capa, e óia (olhe) o cu.” Ou seja, basta encapuzar o garotão, que, pronto, ele topa qualquer traseiro.
Os versos são “Daileon”, mas têm um outro significado, assim como no “cálice/cale-se” de Chico Buarque. “Daileon” pode ser muito bem lido como “dá-lhe-o”; dê, a ele, seu objeto direto; ou seja, não negue-lhe o objeto de desejo. Ou seja, é um grito contra os cus doces que teimam em renegar seus prazeres. Depois dos amassos, pra quê a garota vai dizer não? Para despedir do cara, achar que fazendo-se de difícil será valorizada? E ainda, para saciar-lhe a vontade do gozo, vai ser egoísta a tal ponto de tocar uma siririca? Isso enjoa! Vai sentar sozinha a tocar uma, e ele, o frustrado da noite, idem? Dá-lhe-o!
Portanto, refere-se à superação das barreiras que nós, seres humanos, impomos a nós mesmos. Claro, as idéias de repressão sexual foram difundidas com objetivo de aterrorizar os crentes e apontar-lhes o inferno como pagamento dos pecados; isso foi uma estratégia de domínio da Igreja Católica na Europa, que tornou-se então conservadora e inquisidora. É por isso que o Brasil, que tem uma mistura no sangue de índios e africanos, muitas vezes entra em conflito hipócrita: as formas do(a) brasileiro(a) são uma ode à celebração sexual, porém a criação colonizadora e catequizadora fez-nos crer que é tudo isso pecado. Ou que devemos parecer pessoas que não nos entregamos aos instintos animais. Como se deus tivesse criado-nos de argila, e não dos macacos. O autor da dublagem diz isso muito bem nessas entrelinhas. São os canalhas do poder (do alto) que ditaram a inutilidade da vergonha. Amigos, pisai nos manuais!
A segunda parte é ainda mais explícita. Mas, primeiro, ele faz uma obra digna de palimpsesto (que precisa escavar, ir ao fundo, para entender). Vamos lá: o rei é igual ao dinheiro de passar. O dinheiro de passar passa. Logo, o rei passa. Tudo isso representa a efemeridade do poder: uns vêm, outros vão, mas é como dinheiro na carteira: você faz trocas, você comercializa, você não fica com a mesma nota. Tudo isso é como uva: passa. Se associarmos ao contexto da poesia, ou seja, à liberação sexual, perceberemos a relação que há entre as analogias. O rei nem sempre tinha total poder; bem leigamente falando, ele era vinculado ao papado católico. E, notem, os reis morriam e a religião ficava. Mas comparando de lá pra cá, a própria religião moldou-se àlgumas necessidades humanas. A ciência já é bem mais aceita para algumas verdades, e a religião, para não perder fiéis, teve que se adaptar. Vejam que ironia: até a Igreja está passando. Se os dogmas mudam, então ela também é dinheiro de passar. Leitores, o autor está indicando: um dia, a liberdade sexual terá transpassado todos os dogmas religiosos cristãos.
Ranga-me no ato. Rangar é sinônimo de “comer”, e comer é “cometer ato sexual voraz”. Percebam que agora é uma mulher quem vos fala (ou um gay, vai saber): ranga-me no ato = transe comigo agora. É isso que a mulher dirá naturalmente no futuro; a tradução do Daileon é uma obra de arte nostradâmica: um dia, toda a hipocrisia da negação hedonista cairá, passará, e as mulheres em vez de queimarem sutiãs queimarão roscas e bíblias. E o álcool será reconhecido por suas propriedades libidinosas (cara só no álcool). Na verdade, no futuro liberal não haverá mais a necessidade das drogas, como o álcool, pois o erotismo existirá no cotidiano e não precisaremos “agendar” momentos de alegria nem combinar locais: fins de semana, baladas, enfim, todo local, a qualquer hora, será um templo do prazer. E vejam como a autora define seu ideal de beleza: "que lindo que é ter seis minutos para cada orgia”. Uma orgia tem um formato conhecido hoje em dia, e sabemos que não dura seis minutinhos. Para tornar-se possível, somente com a liberação dos desejos no dia-a-dia: você vê um cara no metrô e diz no ato que o deseja (ranga-me!); você conhece a sua sogra enxuta e propõe uma celebração familiar à beleza genética encontrada. E o final da estrofe ainda diz: “àqueles que ainda se sentirem envergonhados de sua própria timidez — sentem-se pagando mico, e ficam mais que vermelhos, ficam mais que roxos, ficam é da cor azul! — sentem-se e abram a bunda.” Ou seja, se o cara for home, “vai tomar no cu”. Se for mulher, “relaxa e goza.” Essa é pros micos, cu azul.
Ela tem certeza que o mundo caminhará mais feliz quando cada um fazer o que bem entender (desde que seja recíproco à outra pessoa, claro). Portanto ela diz: “viu que bom? Bunda eu lhe kimbei”. Mais um verbo que precisamos estudar com afinco: creio que seja uma versão de fala rápida das palavras “que + imbar”. “Imba” é o buraco cavado na terra para jogar bolinha de gude (procure num bom dicionário). Ou seja, o cara deve ter entrado com bola e tudo na bunda “kimbada” da garota! Ela deu e assina em baixo: “Assinou!” — Ela ainda defende a bissexualidade (que liberal, não?): faz apologia tanto ao sexo “de roubo” quanto ao “mamado”. O mamado significa o ato de beijar os orifícios, e tanto um homem quanto uma mulher pode bem fazê-lo. Já o “de roubo”, existem dois tipos de roubo: aquele que ameaça com um objeto (o cara está “armado”, ou seja, é o homem em estado de ereção, ou é outra pesoa com vibrador) ou aquele que é salafrário ou furta: ele “passa a mão”. Isso é pegação total!
E, por fim, o refrão do incentivo à liberdade. Dai-lhe-ô. Até o cara que escreveu aquele livro na bíblia (Jó) entrou no meio (Joe).
É, meus amigos. Aposto que ninguém tinha reparado a profundidade destes versos. E que venham a nova safra de poetas tão bons quanto este. Afinal, se até os reis passam, se até os canalhas do alto passam, então devemos promover o fluxo da humanidade para nossa própria evolução. É o que eu aprendi assistindo Daileon!

PS: o autor desse blog sabe que a "não liberação" é uma defesa que o ser humano cria para não se subeter a qualquer aproveitador. Mas, veja que iso nao seria necessário se a sociedade fosse cosntruída numa base de amor e liberdade. Comente deixando seu e-mail se quiser discutir ou se sentiu ofendido.
PS 2: Isso tudo é zoeira total. Respeito a religião dos outros, desde que respeitam a minha, ou seja, que não me matem nem que persigam para colocar na fogueira.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Sailor Moon vem ou não?

Desde que mangás voltaram a ser publicados no Brasil, o lançamento de Sailor Moon vem sendo constantemente requisitado pelos fãs desta outra franquia de sucesso. Recentemente, os boatos sobre a possível publicação do mangá não param de aumentar em fóruns, sites e até em seções de cartas de algumas publicações oficiais. Muito se foi especulado, até mesmo que Naoko Takeuchi - autora da série - teria proibido as negociações da obra. Aqui trazemos detalhes sobre o caso e algumas novas confirmações.
As negociações da obra estão paralisadas a nível mundial, devido às exigências da autora sob os termos comerciais. A verdade é que os contratos entre quadrinistas e grandes empresas no Japão pouco favorece os artistas. Entretanto, a obra de Naoko Takeuchi fez grande sucesso, ganhou visibilidade internacional e trouxe muito retorno tanto para a Kodansha, quanto para a Toei - respectivamente editora e produtora. Dez anos após o lançamento da série, a autora se impôs e exigiu uma fatia maior das participações e de quebra lançou uma nova versão do mangá, totalmente redesenhado e com novos termos contratuais, claro.
Nos EUA, a editora Tokyopop não renovou o contrato com os japoneses, o que gerou uma série de especulações - entre as quais que os direitos estavam caros demais, e seria mais interessante para os americanos investir em obras novas e mais baratas. Enquanto isso, o interesse é grande no Brasil, e três grandes editoras do seguimento enviaram propostas de licenciamento, sem mais notícias no momento...
A nova versão de Sailor Moon, intitulada "Deluxe" foi lançada no Japão entre setembro de 2003 e julho de 2004, com média de 240 páginas por edição. Foram produzidos 12 volumes com a história original revista e mais dois outros com sidestories (histórias curtas e paralelas) que anteriormente foram publicadas junto aos tankohons, todos com grande sucesso.

quarta-feira, agosto 03, 2005

É difícil de acreditar, mas nem o Animax escapou de alguns pitis do pior fórum de animes do Brasil:

link
Post pequeno, mas só por curiosidade: no dia do Anime Family de domingo, será que alguém teve algum contratempo por causa do fechamento de uma parte da R. Conde de Bonfim? E será que alguém que muita gente no Anime Friends saiu do evento na fome de comemorar o título do São Paulo na Libertadores?