Folha Online
28/01/2005 - 18h25
Bob Esponja não é gay, nem hetero, diz criador
JAN DAHINTEN
da Reuters, de Cingapura
Bob Esponja Calça Quadrada não é gay, nem heterossexual. Ele é assexuado, afirmou hoje seu criador, contra os protestos de grupos cristãos conservadores dos EUA.
Pelo menos dois grupos de ativistas cristãos disseram que a inocente e extremamente popular personagem e seu melhor amigo Patrick Estrela estão sendo usados para promover a aceitação da homossexualidade.
O criador de Bob Esponja, Stephen Hillenburg, 43, disse que as alegações são absurdas e que sua pauta não vai além da diversão e do entretenimento.
"Não tem nada a ver com o que estamos tentando fazer", disse Hillenburg em entrevista hoje, dois dias após a estréia de "Bob Esponja - O Filme" em Cingapura.
"Nós nunca pretendemos que eles fossem gays. Eu os considero quase assexuados. Nós aó tentamos ser engraçados e isso não tem nada a ver com o programa".
O inocente Bob Esponja, que vive dentro de um abacaxi na Fenda do Biquini, no fundo do oceano Pacífico, foi "banido" da média norte-americana em 2002 depois da notícia de que seu programa no canal pago Nickelodeon e seus produtos eram populares entre gays.
Vídeo
O influente pastor radialista norte-americano James Dobson, juntamente àqueles cuja pauta política se opõe ao direito ao casamento gay e ao aborto, disse semana passada que Bob Esponja foi incluído num "vídeo pro-homossexuais".
"A inclusão [por parte dos produtores da série] de referência à 'identidade sexual' dentro de seu 'compromisso de tolerância' não é apenas desnecessário como ultrapassa o limite moral", disse Dobson, fundador da organização não-governamental conservadora Focus On The Family (Foco na Família).
Bob Esponja é uma das estrelas de um vídeo prestes a ser enviado, em março, a 61 mil escolas norte-americanas. Os produtores --a organização não-governamental We Are Family Foundation (Fundação Nós Somos Família)-- disseram que o vídeo foi feito para encorajar a tolerância e a diversidade.
Irrelevância
Hillenburg disse que achar que há "questões mais importantes para se preocupar". "Eu realmente não presto muita atenção à isso", disse o professor de biologia marinha que virou animador e hoje mora em Hollywood com a mulher e o filho de 6 anos. "Tais alegações são comuns na história dos desenhos animados e entretenimento infantil", disse ele.
"Apenas pense em 'O Gordo e O Magro' e 'Ênio e Beto'", disse ele, referindo-se à dois ícones populares do humor norte-americano --os veteranos de 1930 e os bonecos "Ernie e Bert" no original em inglês da série de televisão "Sesame Street", cuja versão brasileira, Vila Sésamo, foi exibida entre 72 e 76.
Em 1999, a série britânica Teletubies foi incluída numa controvérsia sexual por um líder religioso norte-americano que avisava os pais para ficarem alertas a mensagens subliminares de Tinky Winky, um dos quatro personagens andróginos, discriminado por sua cor púrpura e uma antena triangular na cabeça, ambos símbolos do orgulho gay.
Nickelodeon, que é parte da multinacional de mídia Viacom Inc., já produziu 60 episódios desde o nascimento de Bob Esponja em 1996 e está trabalhando em outros 20.
Hillenburg, que produziu e dirigiu o primeiro longa de Bob Esponja, empregou estrelas como Alec Baldwin e Scarlett Johansson para dublar alguns personagens, enquanto a celebridade do programa "SOS Malibu" David Hasselhoff fez uma participação em carne e osso dentro do desenho.
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